Estou a iniciar a escrita deste texto no dia em que soube que vou ser Pai pela segunda vez, e por isso preparo-me para reviver, nestes próximos nove meses, todos os sentimentos que há dois anos atrás começaram a ter um lugar muito especial na minha vida. Quando digo há dois anos atrás não me refiro à data do nascimento do meu filho, mas sim à altura em que soube que ia ser Pai. Foi desde essa altura que assumi, de forma bem clara, que tinha chegado uma das alturas da minha vida que eu sempre ambicionara. Desde o “Predictor” às consultas na Obstetra, às ecografias e, por último, o parto, sempre acompanhei a minha mulher o máximo que pude e sinto-me feliz por isso e sei que ela também.
A alegria de assistir e ajudar num parto que trouxe ao mundo o meu “puto” foi apenas o primeiro dos sentimentos “pós-parto” que senti. Muitos outros se seguiram e outros virão que ainda não senti, mas penso que nisto de criar e educar um filho temos de estar sempre prontos para as novidades boas e más. As pequenas e grandes conquistas que ele já atingiu são um motivo de enorme orgulho, mas o orgulho estende-se também a mim próprio e à minha mulher por sentirmos da parte do nosso filho que ele é e está feliz. Os sentimentos menos bons fazem também parte deste processo e aquele que, neste momento, mais me assombra é a angústia pela impotência relativamente à doença, angústia essa que tento combater da mesma forma que sempre lidei com a minha vida, e que é com optimismo, ou, por palavras do meu Pai, “ter pensamento positivo”.Não gosto de me considerar um Pai diferente dos outros, nem especial (apenas para o meu filho), mas um episódio que se passou comigo um destes dias pôs-me a pensar naquilo que é suposto ser um Pai. Em conversa com uma colega de trabalho, Mãe recente, ela ficou espantada com a quantidade de coisas que faço e que me sinto à vontade a fazer, no que diz respeito às tarefas de cuidar do meu filhote, tendo ela dito “ajudas muito a tua mulher”, eu respondi que não, tal como a minha mulher não me ajuda a mim, limitamo-nos a fazer uma partilha das tarefas. O que eu me tenho vindo a aperceber é que, por vezes, são as mães que não promovem essa partilha, talvez por receio de os pais não saberem o que fazer, mas acreditem que sabemos (basta querer). Por isso, Mamãs, confiem nos Pais e, quando não nos sentimos à vontade, ajudem-nos e ensinem-nos.